quinta-feira, 26 de agosto de 2021

Uma carroça de alimento...

 


Bezerra de Menezes não fora, como alguns de seus admiradores supõem, um despreocupado com o Dia de Amanhã, com a assistência à família, com o seu e o Futuro dos seus queridos entes familiares.

Não.

Sabia, como poucos, ater-se à disciplina do necessário, a desprezar o supérfluo, a não se apegar às coisas materiais com prejuízo de seu evolvimento espiritual e da vitória de sua Missão.

Aceitava o pagamento dos clientes que lhe podiam pagar e dava aos pobres e estropiados o que podia dar, inclusive algo de si mesmo.

Sua digna família jamais passou necessidade.

Todos os componentes de seu familistério lhe tiveram a assistência permanente e o alimento espiritual de seus bons exemplos.

Preocupava-se, isto sim, com o Futuro de seu Espírito e dos Espíritos daqueles que o Pai lhe confiou.

Dia a dia, examinava-se, revia-se interiormente, para se certificar se era mais de Jesus e Jesus mais dele, se a distância psíquica entre ele e o Mestre era menor, se cumpria, como prometera, sua Tarefa testemunhal.

E tudo lhe corria bem.

As dívidas eram pagas pontualmente.

Nenhum compromisso deixava de ser cumprido.

Os Filhos eram educados cristãmente.

Jesus morava no seu Lar e dentro de seu Coração e dos Corações de seus queridos entes familiares, norteando-lhes a existência e fazendo-a vitoriosa.

Numa manhã, no entanto, houve no lar uma apreensão.

O celeiro estava vazio, sem víveres para o jantar...

Na véspera, Bezerra havia restituído a importância das consultas aos seus clientes pobres, porque, por intuição, compreendera que apenas, possuíam o necessário para a compra dos medicamentos. Agradecera a boa intenção do Farmacêutico, mas achava que não podia guardar aquelas importâncias...

Junto com a esposa, ciente e consciente da situação, ficara a pensar.

Vestira e saíra, consolando a querida companheira e dizendo-lhe:

— Não se preocupe, nada nos faltará, confiemos em Deus!

Ao regressar, à tardinha, encontra a esposa surpresa e um pouco agastada, que lhe diz:

— Por que tamanho gasto! Não precisava preocupar-se tanto, comprando alimentos demais e que podem estragar-se...

— Mas, que acontecera?!

— Logo assim que você saiu, explica-lhe a esposa, recebemos uma carroça de alimentos...

E, levando-o à despensa, mostrou-lhe os sacos, os embrulhos, os amarrados de víveres, que recebera...

Bezerra olhou para tudo aquilo e emocionou-se! Nada comprara e quem, então, lhe teria enviado tão grande dádiva se não Deus, através de seus bondosos Filhos!...

E, abraçado à querida consorte, refugiou-se a um canto da Casa para a Prece de agradecimento ao Pai de Amor, que lhe vitoriava a Missão, confirmando-lhe o Ideal Cristão e como a lhe dizer:

— Por preocupar-se tanto com o próximo, com todos meus Filhos, eu preocupo-me com você e todos os seus, também meus Filhos!

Traduzia e opulentava para o vero Servidor a Lição de Jesus, quando nos apontou os lírios dos campos, as aves que não ajuntam em celeiros e se vestem e se alimentam e jamais passam fome...

 

Ramiro Gama – Livro: Lindos casos de Bezerra de Menezes


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