quarta-feira, 17 de maio de 2023

A lâmpada

Em casa, a lâmpada acesa,

Singela e despercebida,

Constitui lição patente

Das mais nobres que há na vida.

 

Contra a noite escura e espessa,

Que se espalha e reproduz,

Envolve-se de energia,

Resplandece e traz a luz.

 

Seu trabalho é grande e simples,

Difundindo o sol do bem.

Não discute, não pergunta,

Dá sempre, não olha a quem.

 

Ilumina o gabinete

De pesquisa ou de leitura,

Como aclara a agulha humilde

Da máquina, de costura.

 

Envolve com a mesma luz

A velhice, a enfermidade,

A infância, a alegria, a dor,

E os sonhos da mocidade.

 

Há tumultos, há prazeres?

Amarguras, agonia?

Se não sofre violência,

Eis que a lâmpada irradia.

 

Serena, silenciosa,

Não se aflige, não consulta,

Nada pede, além da força

Que lhe vem da usina oculta.

 

Revela todo detalhe,

Sem contendas, sem perigo.

A sua demonstração

É o foco que traz consigo.

 

Não exige condições

Por servir e iluminar,

E define seu ruído

Cada cousa em seu lugar.

 

Pensemos em nossa glória

Quando formos, irmãos meus,

Como lâmpadas do Cristo

Na usina do amor de Deus.

 

Casimiro Cunha / Chico Xavier

Livro: Cartilha da Natureza


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